Telégrado / Telefone

O ser humano é, paralelamente ao universo, um ser em expansão em todas as suas vertentes quer sejam físicas, mentais ou psicológicas.
No século XIX, em parte potenciado pela guerra civil dos Estados Unidos, iniciou-se um processo extremamente importante de profissionalização do jornalismo e das técnicas de reportagem. Associado a este crescimento da imprensa deve acrescentar-se a invenção do telégrafo. Os telégrafos, aparelhos usados na transmissão de mensagens gráficas a partir de códigos, foram inventados pelos americanos Joseph Henry e Samuel Morse, em 1835. Samuel Morse foi o primeiro a introduzir as linhas telegráficas no mundo inteiro, baseadas no sistema de pontos e traços na codificação das mensagens. Mais tarde, em 1872, o francês Jean Maurice Émile Buador aprimorou o invento, desenvolvendo um método de divisão da mensagem em vários canais.
Foi só com o advento do telégrafo que a mensagem começou a viajar mais rápido do que o mensageiro.
De facto, o telégrafo permitiu que a comunicação fosse quase instantânea. Pode dizer-se que a comunicação entrou na era moderna, a era da comunicação à distância.
Como já foi referido, o telégrafo foi a primeira forma de comunicação instantânea à distância. É certo que anteriormente a comunicação à distância era possível, pois já existiam os correios, mensageiros e barcos. Contudo, foi o telégrafo que veio inaugurar a era da comunicação com recurso à electricidade e como tal à comunicação instantânea. O tráfego de informações no telégrafo era quase totalmente para fins comerciais, militares, investimentos, cotações, notícias de negócios, etc. Mas para enviar ou receber uma mensagem, o utilizador dependia integralmente do operador. Este meio técnico removeu o espaço como um impedimento inevitável ao movimento da informação e apagou fronteiras. Após o telégrafo surge o telefone. O Telégrafo teve, de facto, uma importância decisiva, já que seria sobre as suas linhas que se viriam a efectuar as primeiras comunicações telefónicas. Sem este antepassado, o moderno telefone não teria visto a luz do dia.
O telefone é um dispositivo de telecomunicações desenhado para transmitir sons por meio de sinais eléctricos.
É definido como um aparelho electroacústico que permite a transformação, no ponto transmissor, de energia acústica em energia eléctrica e, no ponto receptor, a transformação da energia eléctrica em acústica, permitindo desta forma a troca de informações entre dois ou mais indivíduos. É lógico que, para haver êxito nessa comunicação, os aparelhos necessitam estar ligados a vários equipamentos, que formam uma central telefónica.
É com este instrumento que a voz Humana é pela primeira vez propagada a grandes distâncias.
Torna-se relevante fazer uma sucinta resenha histórica sobre o aparecimento do telefone.
O dispositivo foi inventado por volta de 1860 por Antonio Meucci que o chamou electrofonecado, como reconheceu o Congresso dos Estados Unidos na resolução 269, de 15 de Junho de 2002. Há muita controvérsia sobre a invenção do telefone, sendo esta geralmente atribuída a Alexander Graham Bell. A primeira demonstração pública registada da invenção de Meucci teve lugar em 1860, e teve sua descrição publicada num jornal de língua italiana de Nova Iorque.
Em Portugal as primeiras experiências de telefone iniciaram-se em 24 de Novembro de 1877, ligando Carcavelos à Central do Cabo em Lisboa. A primeira rede telefónica pública foi inaugurada em Lisboa a 26 de Abril de 1882 pela Edison Gower Bell Telephone Company of Europe Ltd que tinha a concessão atribuída desde 13 de Janeiro de 1882.
Impõe-se que se preste homenagem a um inventor português. Cristiano Augusto Bramão reuniu, pela primeira vez, numa única peça um emissor e um receptor de telefone. Corria o ano de 1879, apenas três anos após o registo da patente de Alexander Bell. Foi assim concebido o telefone de mesa que fora utilizado, nesse mesmo ano, para a realização da primeira comunicação telefónica entre as duas margens do rio Tejo. Nos EUA, os primeiros telefones de mesa surgiram apenas em 1897 e, ainda assim, com o emissor e o receptor separados. Só muito mais tarde, cerca de 50 anos após a invenção de Bramão, em 1927, a AT&T lançaria os telefones com combinação de receptor e emissor. Infelizmente a invenção de Bramão não foi aproveitada, dada a incapacidade das autoridades portuguesas para articular uma acção de promoção eficaz.
O primeiro serviço de telefone automático foi inaugurado em Portugal em 1930, e em 25 de Setembro de 1937 a APT inaugurou a primeira estação automática na Estrela em Lisboa. Nesse ano a rede da APT tinha 48 000 assinantes.
Todos estes acontecimentos tiveram, obviamente, interferência na forma como os indivíduos se formaram e formataram enquanto seres sociais. Fazendo uma análise sobre toda a trajectória do telefone, é importante saber que a história deste artefacto técnico revela algumas e, porque não dizer várias, afectações e sensações totalmente novas no ser humano. Isto é, a história do telefone mostra como uma materialidade influencia o corpo e traz novos e diferentes sentidos culturais que são explicitados através de novas práticas sociais. Nos primórdios do telefone, a comunicação era realizada através de fios e cabos. Os telefones eram fixos e resumiam-se às residências particulares e aos estabelecimentos comerciais. Mesmo depois, com a introdução dos telefones públicos, ainda persistia a separação público-privado com a divisória acústica das cabines telefónicas que têm a função de isolar o universo particular da conversa do espaço público.
Nasce assim, uma nova era nas comunicações cuja electricidade, há pouco descoberta, veio fomentar a ebulição e o borbulhar da sopa criativa, que a arte e engenho da mão humana desenharam, uma revolução importante na comunicação, numa civilização cada vez mais sedenta de sociabilidade.
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