Trabalho

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Futuro


A comunicação tornar-se-á mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional, mais e mais não linear. As técnicas de apresentação serão mais fáceis e mais atraentes do que hoje, o que aumentará o padrão de exigência para mostrar qualquer trabalho através de sistemas multimédia. O som não será um acessório, mas uma parte integral da narrativa. O texto no computador aumentará a importância, pela sua maleabilidade, facilidade de correcção, de cópia, de deslocação e de transmissão.
Com o aperfeiçoamento, nos próximos anos, da fala através do computador, o Homem não necessitará de um teclado, dependerá menos da escrita e mais da voz. As pessoas dependerão menos do inglês para comunicar porque existirão de programas de tradução simultânea.
Com o aperfeiçoamento da realidade virtual, poderá ser possível simular todas as situações possíveis, excitar a relação com os sentidos, com a intuição. O Homem terá motivos de fascínio e de alienação.
Será possível ao Homem comunicar mais ou enlouquecer muito mais facilmente que antes? Se quiser fugir, encontrará muitas realidades virtuais para o fazer, para viver sozinho.
A mente humana é a melhor tecnologia, infinitamente superior em complexidade ao melhor computador, porque pensa, relaciona, sente, prevê e pode surpreender. Por isso, o grande desenvolvimento deve ser feito com a mente e corpo de cada indivíduo, integrando sentidos, emoções e razão, valorizando o sensorial, o emocional e o lógico, desenvolvendo atitudes positivas, modos de perceber, sentir e comunicar mais livres, ricos, profundos. Essa atitude de viver potencializará ainda mais a vida pessoal e comunitária do Homem, ao fazer um uso libertador dessas tecnologias maravilhosas que possui…
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Computador / Internet




Quando tudo fazia crer que pouco mais haveria a descobrir, eis que o Homem se lança numa nova aventura, no âmbito da qual a própria noção de espaço e de tempo é subvertida, protagonizada pelos novos media, dispositivos tecnológicos que operam a recontextualização comunicacional dos nossos dias.
Para analisar os impactos sociais da Internet, é pertinente efectuar uma resenha histórica, ainda que sumária, acerca do aparecimento desta ferramenta..
A Internet, “ferramenta” tecnológica que revolucionou o universo comunicacional, é um dos media que permite a interacção entre indivíduos, independentemente da sua localização geográfica, a uma escala sem precedentes na história da humanidade.
Esta fascinante aventura tem o seu início na invenção do computador, dispositivo tecnológico cuja posterior interligação a outros dispositivos semelhantes tornou possível a edificação da rede mundial que dá pelo nome de Internet.
Charles Babbage é uma referência obrigatória quando se deseja analisar a evolução histórica da Internet, na medida em que este conceituado matemático e economista inglês foi responsável, em 1822, por um projecto que permitiu criar uma máquina capaz de realizar cálculos aritméticos, com probabilidades mínimas de erro (a precursora das actuais calculadoras). Mas a grande invenção de Babbage ocorreu em 1833, quando concebeu uma máquina programável que evoluiria até tornar-se no actual computador.
O ano de 1876 é outro marco na história da Internet, pois foi neste ano que Alexander Bell inventou o telefone. E, na medida em que a rede só funciona porque a informação é codificada e transmitida através de fios, não podemos esquecer, nesta sucinta resenha histórica, a importância da invenção do telégrafo, por Samuel Morse, em 1838.
Em 1936, decorrido mais de meio século, o célebre matemático inglês Alan Turing conquistou um lugar na história da técnica moderna, ao construir uma máquina que se poderia comportar «como um ser humano que resolve problemas» (Postman, 1992: 100). O primeiro computador, o Eniac, dos anos quarenta, pesava várias toneladas. Ocupava uma superfície correspondente a um andar de um grande edifício e era programado, ligando directamente os circuitos sobre uma espécie de painel inspirado, ainda, na tecnologia do telefone.
A história mais recente dos modernos computadores reporta-se a uma versão da máquina inventada por John Von Neumann, nos anos 40. Os modernos computadores tiveram, assim, que aguardar uma série de descobertas, como o telégrafo, o telefone e a aplicação da álgebra boleana a circuitos de base de relay para se concretizarem as aplicações que hoje lhes conhecemos. Claude Shannon foi o primeiro investigador a identificar o bit como a unidade mais pequena de informação. Com a invenção do computador, tornou-se evidente que este dispositivo era capaz de realizar funções designadas inteligentes que, até então, só o Homem poderia desenvolver. Na opinião de Postman (1992: 108), «o computador torna possível o cumprimento do sonho de Descartes de matematização do mundo (...)».
Os computadores tornaram-se omnipresentes no quotidiano dos indivíduos e permitem, nas palavras de Postman (1992: 106), «bloquear o mundo real e mover as pessoas através de um mundo simulado, tridimensional».
Há muito que os computadores saíram dos laboratórios e deixaram de ser pretensa de cientistas, matemáticos ou astronautas. Invadiram as empresas e os lares, aumentaram a competitividade, melhoraram a qualidade de vida, levaram as pessoas à Internet e ao mundo virtual. São hoje tão indispensáveis como o pão que se come, a água que sacia a sede ou o ar que se respira. Tal como o indivíduo aprendeu a ler e a escrever, também tem agora de saber computar e conectar.
A ligação às mais remotas áreas do globo, pelo preço de uma chamada local, é cada vez mais uma realidade dos nossos dias. De facto, através de um computador, um modem, uma linha telefónica e um browser, o Mundo entra em qualquer casa, por via do fascínio da Internet (abreviação de Interconnected Networks ou Internetwork System).
A história mais recente desta “ferramenta” tecnológica - Internet - remonta a algumas décadas atrás. Corria o ano de 1962 quando J. C. R. Licklider, investigador do MIT, escreveu uma série de artigos em que propunha o conceito de “Galactic Network”. A “Galactic Network”, na sua perspectiva, seria formada por um conjunto de computadores, ligados entre si, a partir dos quais qualquer pessoa poderia aceder a informações muito diversas, independentemente do local onde se encontrasse. Na sua essência, este conceito corresponde à lógica de funcionamento subjacente à actual Internet. A partir de uma série de investigações posteriores, que estiveram a cargo de cientistas como Ivan Sutherland, Bob Taylor e Lawrence G. Roberts, a ideia de que seria possível levar à prática o conceito de Licklider começou a ganhar forma.
Foi necessário, no entanto, esperar mais algum tempo para que esta ideia se consolidasse. Estava-se em plena Guerra Fria (anos 60/70) e, para os militares norte-americanos, o processamento da informação tornava-se vital na gestão do conflito latente que opunha os dois blocos: a NATO e o Pacto de Varsóvia. Foi no intuito de assegurar que o fluxo de informação entre os diferentes centros de processamento não fosse interrompido pelo inimigo que os militares norte-americanos propuseram a alguns investigadores que reformulassem a forma como os diversos pontos da rede comunicavam entre si.
A Internet teve, assim, a sua origem no final dos anos 60 (mais precisamente em 1969), quando a Advanced Research Projects Agency – ARPA -, criada pelo Presidente Eisenhower e subsidiada pelo Departamento de Defesa do Governo dos Estados Unidos da América, criou uma rede experimental, designada ARPAnet. Era, então, formada por apenas quatro computadores, destinada à troca de informação. A partir de um conjunto inicial de quatro computadores em 1969, a rede acabou por ligar, ao fim de dez anos, cerca de 200 computadores instalados em organizações militares e de investigação em todo o território dos Estados Unidos, com algumas ligações noutros continentes. Estava, pois, criada uma rede de pesquisa militar, a primeira rede informática descentralizada do Mundo. Após a apresentação pública da ARPAnet, em 1972, esta incipiente rede começou a crescer lentamente durante os anos que se seguiram, ainda que, por razões de segurança, continuasse a ser controlada pelos militares.
A rede, tal como hoje a conhecemos, só se tornou possível com o protocolo de transferência de ficheiros inventado por Lee, o célebre HTTP (Hypertext Transfer Protocol), baseado na linguagem HTML (Hipertext Markup Language), que permite a cada documento conter hotwords, ou seja, hiperlinks, para aceder a mais informação sobre o assunto em causa, que mais não são que ligações de hipertexto a outros documentos, também eles em formato HTML. O conceito de hipertexto está na base da World Wide Web. Na prática, trata-se de permitir que a passagem de um documento (palavra, expressão ou imagem) remeta para outra secção desse documento, ou mesmo para outro, através de links, ou hiperlinks.
A Web conseguiu, assim, afirmar-se como uma ferramenta multimédia, pois, através das inúmeras páginas ou sites, existentes na rede, permite conjugar texto, som, imagem e animação através da linguagem HTML e do referido protocolo HTTP. É através deste protocolo que a informação chega de um computador, ou de vários computadores localizados remotamente, a cada um lares, desde que, para tal, se esteja “ligado”.
Em 1994, a Internet era praticamente desconhecida na Europa, mas, com o aumento do número de utilizadores e com a explosão de serviços oferecidos, rapidamente se expandiu. O crescimento invulgar do número de utilizadores da Internet, em todo o mundo, tem tido o seu correspondente em Portugal. Segundo um estudo efectuado pela MARKTEST, em 2007, estima-se, que mais de 40% dos portugueses (quatro milhões de pessoas) tenham acesso à Internet, em casa, no local de trabalho e/ou na escola. Milhares de contas são abertas todas as semanas…
A informação não é a única motivação que impele as pessoas a aceder à Internet. A rede mundial coloca ao seu dispor um vasto leque de serviços que não pára de aumentar: desde a banca electrónica, à compra de todo o género de produtos, à reserva de hotéis e bilhetes para espectáculos, até ao acesso on-line ao jornal preferido (com todas as vantagens que isso comporta, como o baixo custo, ou a possibilidade de aceder às notícias em tempo real) as suas possibilidades são incalculáveis. A própria administração pública já se rendeu ao interesse das novas tecnologias da informação, o que permite, por exemplo, que os cidadãos portugueses possam apresentar a sua declaração de rendimentos, efectuar operações bancárias e financeiras, etc., através da Internet.
Meio híbrido por excelência, união da imagem, do som e da escrita, a Internet passa a mesma ilusão de sociabilidade transclassista dos programas televisivos. Aqui, tem-se a sensação de que muitos dos indivíduos que compõem o planeta estão em harmonia, trocando ideias, artefactos e cultura na rede. As barreiras sociais parecem ter desaparecido com o clicar do rato, as crenças religiosas parecem ter menos importância diante do compar¬tilhar de gostos em comum, os campos culturais esfumam-se.
O impacto suscitado pelos novos dispositivos comunicacionais na sociedade traduziu-se no facto dos indivíduos utilizarem, cada vez mais, outras fontes para adquirirem conhecimentos/informação, em detrimento das fontes tradicionais que eram os indivíduos com quem se relacionavam no dia a dia. Esta situação resultou no nascimento de novas formas de interacção social. A análise destas formas de interacção adquire uma maior complexidade, comparativamente com a análise da forma de “interacção face a face”, visto que os agentes sociais podem estar situados em contextos de espaço e de tempo muito diferentes. Nestas formas de interacção, como seja, por exemplo, a estabelecida num chat,, a relação social entre os sujeitos é mediada pelo dispositivo técnico, o que invalida, por exemplo, a partilha do mesmo contexto espacial. Por isso, há uma restrição dos indicadores simbólicos, como por exemplo os gestos (que abundam na “interacção face a face”), proporcionando meios mais reduzidos para evitar a ambiguidade na situação comunicacional.
A Internet é um instrumento que permite a criação de um ambiente social. Os novos dispositivos comunicacionais induzem quem os utiliza a estabelecerem relações sociais, baseadas numa aproximação emocional entre quem se envolve nesta forma de interacção.
A interacção on-line revela ser muito mais intensa do que a interacção off-line. Isto justifica-se porque, por alguma razão, as pessoas que as estabelecem se sentem de alguma forma afastadas do mundo real, privilegiando as formas de interacção online.
Sendo assim, uma questão que se coloca consiste em saber por que razão quem interage através da Internet, e muito em particular nos chat rooms, prefere a interacção mediada neste espaço virtual, em substituição da “interacção face a face”. A resposta pode residir no facto da interacção mediada permitir a combinação do anonimato com a interacção em tempo real, ao qual se adiciona a possibilidade de através do mecanismo da imaginação/fantasia criar, ou assumir, um papel (construir um personagem) que pode ser idêntico ao que se representa na vida real, ou que, muito pelo contrário, se afasta desse modelo. Os indivíduos desempenham determinados papéis e, numa perspectiva sociológica, cada um escolhe as máscaras que tem de usar para “representar”. O indivíduo, a “persona” (termo grego que significava a máscara utilizada pelos actores no teatro greco-romano) é entendido como tendo um repertório de papéis, cada um dos quais adequadamente equipado com uma determinada identidade. Sociologicamente, o ”eu” deixa de ser uma identidade objectiva, sólida, que se transfere de uma situação para outra. Será um processo, criado e recriado continuamente em cada situação social em que uma pessoa participa. Perante este emaranhado de papéis, que implica a construção de diferentes identidades, é pertinente questionarmo-nos sobre quem é, realmente, este sujeito, pois, aparentemente, o indivíduo comum em nada se diferencia do que sofre do distúrbio psiquiátrico, denominado por múltipla personalidade.
Através da difusão dos novos dispositivos comunicacionais, as relações sociais ganham novos contornos. Os utilizadores das redes de Internet não se vêem entre si, podendo ocultar, desta forma, a sua verdadeira identidade e assumir identidades diferentes. Com a integração das novas tecnologias na experiência dos sujeitos, todo o equilíbrio das suas representações e imagens se transforma, como ocorreu com a imprensa ou com a televisão.
Perante o novo cenário comunicacional, a questão que se coloca é esta: Quem somos quando estamos on-line? A resposta tem que passar, invariavelmente, pela reflexão sobre a mutabilidade que sofre a identidade das pessoas, na medida em que, quando estão on-line, podem assumir diferentes identidades (identidades virtuais).
É necessário ainda reflectir sobre as potencialidades que o anonimato proporciona, que não são possíveis de alcançar na realidade off-line, e que podem condicionar definitivamente a forma como o indivíduo interage neste novo contexto social. Um outro aspecto, sobre o qual é importante reflectir, consiste em saber como é possível “negociar” relações sociais “verdadeiras”, no âmbito das comunidades virtuais, já que, na “interacção face a face”, a condição da possibilidade de estabelecer essas mesmas relações residia precisamente no reconhecimento da identidade dos sujeitos envolvidos na interacção presencial.
A possibilidade que os indivíduos têm de criar múltiplas identidades on-line tem, efectivamente, causado um enorme fascínio nos investigadores. Através do anonimato, o indivíduo pode inventar versões alternativas de si mesmo.
Por outro lado, os media que permitem o anonimato favorecem a intimidade. É mais fácil revelar as confidências a alguém que não se conhece. Uma primeira ilação que se pode extrair é a de que os sujeitos, ao sobrevalorizarem as potencialidades que o anonimato lhes proporciona, assumem identidades que não correspondem à sua “verdadeira” identidade, aquela que está consolidada off-line. A construção de falsas identidades é parte integrante do universo on-line. Levy (2000) partilha desta opinião, no entanto, faz uma ressalva importante: «as manipulações e os enganos são sempre possíveis nas comunidades virtuais, mas eles são-no também em qualquer lugar sem ser ali: na televisão, nos jornais de papel, ao telefone, pelo correio e mesmo em qualquer reunião “em carne e osso”» (p. 134).Actualmente, o tema da técnica assume novos contornos e passa a ocupar uma posição chave na discussão filosófica sobre o Homem, já que o homem não pode ser definido actualmente, antropológica e socialmente, sem a dimensão técnica. O computador e todos os seus derivados são analisados não apenas num plano “empírico”, como simples dispositivos tecnológicos que o Homem tem ao seu alcance e através dos quais percebe o mundo, mas, acima de tudo, no plano “transcendental”, porque «hoje se concebe cada vez mais o social, o ser vivo ou os processos cognitivos como uma grelha de leitura informática» (Lévy, 1994: 18). As relações que os sujeitos estabelecem entre si, hoje em dia, passam a depender, nas palavras de Lévy, «da metamorfose incessante de dispositivos informáticos de toda a ordem» (idem, p. 9) que invadem o seu quotidiano. Segundo este Professor da Universidade de Paris-X, Nanterre, «na época contemporânea, a técnica é uma das dimensões fundamentais em que se desenrola a transformação do mundo humano por si mesmo» (idem, ibidem). Na sequência desta linha de pensamento, parece legítimo afirmar-se que a forma como o Homem se relaciona com a tecnologia contemporânea é um dos «principais temas filosóficos e políticos do nosso tempo» (idem, ibidem). A tecnologia, inicialmente perspectivada apenas como um simples instrumento de mediação que se interpõe entre o Homem e o Mundo que o rodeia, é integrada totalmente na experiência do sujeito. Lévy (1994) considera que «... a metamorfose técnica do colectivo nunca foi tão evidente» (p.10) como nos dias de hoje.
Os “ciberutópicos” acreditam que a Era Digital vai fornecer a oportunidade de uma vida melhor para os grupos sociais mais desfavorecidos, como os deficientes. Alguns exemplos dos benefícios da tecnologia, na melhoria das condições de vida destes últimos, consubstanciam-se, na utilização de dispositivos / instrumentos, como por exemplo: reconhecimento de voz e tecnologia de transformação da voz em escrita, podem ter excelentes benefícios para os cegos, tal como o correio electrónico abre muitas potencialidades de comunicação ao surdo (que pelo telefone não conseguiria). Os tetraplégicos podem usar detectores, baseados no movimento dos olhos e da boca, para comunicar. São muitos os benefícios que o Computador e a Internet podem trazer no sentido de melhorar a sociabilidade das pessoas com limitações.
Com a ligação às redes informáticas e a edificação de um novo universo comunicacional, a visão que o Homem tem de si e do mundo que o rodeia nunca mais será a mesma. A criação de comunidades designadas virtuais (on-line communities), constituídas na sua maioria por pessoas que não se conhecem fora da rede, inaugura novas formas de sociabilidade. Estas formações sociais, também designadas por “cybersocieties” são definidas como comunidades sem um local próprio e definido, mas com interesses comuns, onde o relacionamento entre os indivíduos é conseguido através de um simples clique.
A ligação à Internet transformou-se, assim, num instrumento de enorme utilidade, mais que não seja, como forma de combater a solidão de muitas pessoas que encontraram, no novo espaço - o ciberespaço - um local onde podem afirmar a sua dignidade como seres humanos e que se manifesta nas relações que estabelecem na rede. O tempo gasto nas salas de chat alarga a rede de relações sociais dos jovens ao mesmo tempo que cria sociabilidades ilusórias, não no sentido de não reais, mas no sentido de requererem, talvez, mais máscaras sociais, e não permitirem o encontro dos mesmos indivíduos, por exemplo, no “bar da esquina”. Encontro este, possivelmente, interdito pela distância geográfica, pela classe social, pelos gostos culturais ou pela incompatibilidade de feitios. O jovem japonês, advogado, troca e-mails com o jovem português surfista, ambos empenhados na defesa ecológica. A rapariga tímida de Guimarães enceta as primeiras investidas amo¬rosas com o rapaz bem apresentado de Cinfães. A mulher, desiludida com os encontros tradicionais, tenta uma aproximação diferente com o sexo oposto através da rede. O empresário expande os seus negócios para outros espaços. A dona de casa, cansada com o peso da rotina diária, procura uma área diferente de entretenimento. O arquitecto troca contactos com o secre¬tário do Museu Soares dos Reis. Os homossexuais encontram espaços, à primeira vista, menos preconceituosos nos sites dos simpatizantes da sua orientação sexual. Mas se, num clicar do rato, se abandona o espaço virtual predilecto, seguro, confor¬tável, e se entra num outro, bem menos receptivo, a interacção harmoniosa é afectada.
O jovem José Lopes, que, nos anos 70, se encantava com os folhetos aos pés da sua mãe, hoje talvez possa ser encontrado no quarto do filho que, ao mesmo tempo que assiste à TV, navega na internet, fala ao telemóvel, ouve rádio, folheia uma revista... A sociabilidade que o folheto trouxe à vida de José Lopes é, sem dúvida, diferente da sociabilidade de um jovem no início do século XXI. Trata-se de uma sociabilidade híbrida, mutável, flexível, plural, e observável.
Os indivíduos, denominados “netizens”, “cibernautas” ou “seres digitais”, membros das comunidades virtuais que habitam o ciberespaço, constroem as suas identidades num contexto comunicacional que cria uma teia de novas sociabilidades.
A tecnologia de redes electrónicas, da Internet, modifica profundamente o conceito de tempo e espaço. Um indivíduo pode morar num lugar isolado e estar sempre ligado aos grandes centros de pesquisa, às grandes bibliotecas, aos colegas de profissão e a inúmeros serviços. Hoje em dia é possível fazer boa parte do trabalho sem sair de casa. Facilmente se pode levar o computador portátil para a praia e, enquanto se descansa, consegue-se efectuar pesquisas, comunicar-se ou até trabalhar com outras pessoas à distância de um clique. São possibilidades reais, inimagináveis há pouquíssimos anos atrás, e que estabelecem novos elos, situações, serviços, que, dependerão da aceitação de cada um, para efectivamente funcionar.
Para uma pessoa se actualizar profissionalmente facilmente consegue aceder a cursos à distância (e-learning) e receber materiais escritos e audiovisuais pelo “www”. Começa agora a estar em voga a utilização da vídeo-conferência através da rede de Internet, possibilitando que várias pessoas, em locais diferentes, se vejam, comuniquem e trabalhem juntas, sendo capazes de trocar informações, aprender e ensinar. Muitas actividades que até aqui demoravam muito tempo e implicavam custos em deslocações, filas e outros constrangimentos, podem ser resolvidas através da Internet, independentemente do local onde se esteja.
Por exemplo, até há poucos anos atrás, para se efectuar transferências de dinheiro, consultas de saldos, pagamentos, e outras actividades de cariz financeiro, o indivíduo via-se obrigado a deslocar-se à dependência bancária para o fazer. Actualmente, é possível fazer essas actividades sem sair de casa. Também em relação às compras de supermercado, é possível fazê-lo sem sair do sofá... Isto significa que o que antes justificava que as pessoas se deslocassem e saíssem de casa, hoje não é mais necessário.
No futuro, o indivíduo só sairá de casa quando achar conveniente, não para fazer coisas externas por obrigação ou por imposição das circunstâncias, mas quando quiser, por vontade própria…
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Telemóvel









Até ao aparecimento do telemóvel, o telefone era suficiente para satisfazer todas as necessidades dos indivíduos. No entanto, nem sempre seria eficaz, mas não existia um descontentamento assim tão grande face a esse “problema” deste aparelho, pelo menos naquela época. O telemóvel surgiu e, a realidade modificou-se. Hoje, é impensável ver uma pessoa sem telemóvel, quer tenha 60, quer tenha 6 anos. O telemóvel trouxe uma mobilidade inimaginável há pouquíssimos anos atrás. Um indivíduo pode ser contactado, se quiser, ou ligar para outra pessoa, em qualquer lugar, sem depender de um cabo ou rede física por perto.
A utilização do telemóvel expressa de forma notória a ênfase do capitalismo individual mais do que o colectivo, a valorização da liberdade de escolha, do “eu posso agir segundo a minha vontade”. Isto vai de encontro a forças poderosas, instintivas, primitivas dentro dos indivíduos, às quais são extremamente sensíveis e que, por isso, conseguem fácil aceitação social.
O aparecimento do telemóvel aconteceu precisamente no dia 3 de Abril de 1973, pela mão de Martin Cooper, aquele que é considerado o pai do telemóvel. Foi ele que fez a primeira chamada pública de um telemóvel. Esse acontecimento histórico ocorreu em Nova Iorque, na esquina da rua 56ª com a avenida Lexigton, perante a estupefacção dos transeuntes nada habituados a ver alguém a passear de telefone na mão na rua.
O equipamento utilizado por Cooper, foi o Motorola DynaTAC 8000X, o antepassado dos actuais telemóveis.
As suas dimensões eram monstruosas em comparação com as dos telemóveis actuais, pesava quilos, media cerca de 25 cm de altura, por 3,8 de largura e 7,6 de espessura.
O Motorola DynaTAC 8000X, chegou ao mercado em 1984, e foi o primeiro telemóvel comercializado no mundo. Era um telemóvel analógico de primeira geração (1G) e vinha equipado só com AMPS (do inglês Advanced Mobile Phone System) que permitia unicamente fazer e receber chamadas, mas de fraca qualidade, com muitas interferências.
No final da década de 80, surge segunda geração de telemóveis (2G), equipados com o sistema GSM (Global System for Mobile) que passou a desempenhar um papel muito importante, permitindo a melhoria das comunicações móveis e começando a haver mais qualidade nas comunicações. Em relação às funcionalidades, estes telemóveis vinham com roaming internacional (possibilidade de a partir de um telemóvel realizar e receber chamadas num país estrangeiro), e também os SMS (pequenas mensagens de texto).


O aparecimento da terceira geração de telemóveis (3G) surgiu na Europa em 2003, e o seu aparecimento fez com que surgissem inovações nunca antes imaginadas como, tirar fotos, filmar, gravar lembretes, jogar, ouvir músicas, e conversar visualizando a pessoa no outro canto do mundo. Mas o avanço não pára por aí… Nos últimos anos, principalmente no Japão e na Europa, o telemóvel tem ganho recursos surpreendentes até então não disponíveis para aparelhos portáteis, como GPS, videoconferências e instalação de programas variados, que vão desde ler emails a usar remotamente um computador qualquer, quando devidamente configurado.
O uso dos telemóveis generalizou-se de tal modo, que se pode afirmar que essa tecnologia se naturalizou, passou a fazer parte integrante das dinâmicas do indivíduo. Quem não tem hoje um telemóvel em Portugal e, no mundo ocidental em geral? O fenómeno expandiu-se sem olhar a classe social, económica, cultural, género ou idade. Os serviços disponibilizados pelos equipamentos foram-se desdobrando para atrair e satisfazer necessidades e desejos.
Abre-se uma nova vaga na dinâmica das rotinas cognitivas e sociais metamorfoseadas pelas tecnologias da informação e da comunicação, em que a omnipresença e o nomadismo são características marcantes. Mas, não deixa de ser igualmente marcante a nova dinâmica de gestão dos contactos e dos laços sociais. O que aparentemente traria um alargamento do círculo de sociabilidade, pode afigura-se como meio de isolamento do sujeito num círculo restrito e controlado, no qual só entra quem é reconhecido.
É necessário perspectivar quatro características transversais ao uso do telemóvel. Em primeiro lugar, trata-se de um objecto portátil que redefine o tipo de investimento necessário para a pessoa estabelecer relações. Basta pensar na facilidade com que se inicia uma chamada telefónica num telemóvel: selecciona-se o nome da pessoa com quem se quer comunicar, enquanto que num telefone público ou no telefone doméstico se terá de marcar o número. É certo que se assiste à transferência de facilidades típicas dos telemóveis para os telefones fixos, como exemplo a possibilidade de ter os números registados em memória, a identificação da pessoa/número que está a querer entrar em contacto, o envio e recepção de mensagens escritas ou o registo de mensagens de voz. Estes são exemplos que ilustram como a ferramenta sócio-técnica que é o telemóvel está a contaminar o seu antecessor, que também ganhou alguma portabilidade doméstica, com os telefones sem fios.
Outra característica é que o telemóvel é um objecto pessoal, o que o distingue radicalmente do telefone fixo partilhado por uma família, pelos colegas de trabalho, etc. Esta dimensão de objecto individual faz com que cada indivíduo adquira uma autonomia excepcional na gestão dos seus relacionamentos, sem qualquer tipo de negociação com parceiros de uso. Deste modo, o instrumento de comunicação móvel, portátil e pessoal confere uma dinâmica nova e inaudita ao processo de comunicação mediada, na qual se destaca a questão da individualização dos territórios pessoais e a personalização dos usos.
O telemóvel é, também, um objecto multifuncional, que progressivamente tem vindo a adquirir funções para além das chamadas de voz. Das mensagens de texto, às fotos, vídeos em tempo real e ao acesso à Internet, passando pelos jogos ou pela simples calculadora, as funções são múltiplas e exploradas de forma diferenciada de acordo com o perfil do sujeito utilizador
Por final, mas não menos importante, outra característica fundamental é o facto do telemóvel ser um dispositivo que expõe o sujeito em permanência à interacção, mesmo quando se desliga ou não se atende o sistema informa das chamadas não atendidas e quando desligados as operadores enviam uma mensagem informando que o nosso interlocutor nos tentou contactar, ou caso tenha caixa de voz poder-se-á deixar uma mensagem. Logo, a gestão da presença mediatizada por trocas telefónicas fica completamente alterada. Esta característica faz também com que sejam sistemas de vigilância do utilizador, ou seja, a flexibilidade de gestão pessoal e espacial da comunicação contém também o seu reverso.
São estas quatro características transversais – portabilidade, individualismo, multifuncionalidade e permanência – que fazem com que os modos de organização social e as práticas comunicacionais se transformem.
Quando o sujeito se encontra em lugares de sociabilidade, como por exemplo, cafés, restaurantes, etc., ele adapta o seu comportamento face ao telemóvel de diversos modos de acordo com o número de pessoas presentes, o seu grau de familiaridade e o tipo de relacionamento que está em questão.
Quando o indivíduo está sozinho num lugar social, o telemóvel adquire destaque sendo objecto de atenção frequente, sendo colocado sobre a mesa e, muitas vezes, utilizado para usar funcionalidades que não atender ou telefonar.
Quando o sujeito se encontra numa situação de conversação presencial, de face a face, o atender a chamada telefónica exige uma gestão do relacionamento, para que se torne aceitável a intrusão de um terceiro elemento. O sujeito fica na situação de duplo compromisso, presencial e mediático, tendo de gerir a situação. A postura corporal face ao interlocutor presencial e a direcção do olhar são fulcrais neste processo, com tendência a gerar um nicho comunicacional sobre si próprio, com a estratégia de dirigir o olhar para um espaço neutro que o permita deslocalizar-se da situação presencial ou opta mesmo por se afastar para criar um novo ambiente conversacional. Se o sujeito estiver em grupo esta sua deslocalização da atenção comunicacional é mais atenuada na medida em que a interacção se continuará a manter. Em algumas circunstâncias o interlocutor presencial é envolvido na conversação mediada, nomeadamente, quando partilham a mesma rede de relacionamentos.
Se é certo que num espaço público os indivíduos partilham um território no qual é necessário cumprir regras, verifica-se que com a difusão dos telemóveis, o que inicialmente era entendido como uma agressão, uma interferência sonora e social, o toque e a conversa, foi progressivamente sendo entendido como uma coisa natural, salvo situações e espaço sociais de maior cerimónia onde o uso do telemóvel ainda é encarado como um elemento disruptivo e inaceitável.
No acesso telefónico sente-se o processo de individualização de forma marcante. Se até há pouco tempo o telefone era um bem comum da família, do escritório, em que uns atendiam as chamadas de outros e ficavam assim ao corrente de quem lhe desejava falar, com os telemóveis este cenário alterou-se de forma drástica – o telefone deixou de estar referenciado a um espaço para estar referenciado a uma pessoa. Esta situação faz com que cada um faça uma gestão personalizada dos seus contactos gerando tendência para homogeneizar o tipo de contactos e instaurar o agrupamento por afinidades e, deste modo, gerar um processo de segregação comunicacional, na medida em que é possível filtrar as ligações, não deixando entrar na sua rede os indesejados e os desconhecidos.
Estamos na era das conexões sem fios, das tecnologias nómadas (telemóveis, computadores portáteis, pda’s), em que a interconexão se expandiu de modo a possibilitar um uso flexível do espaço, em que «a rede transforma-se num “ambiente” generalizado de conexão, envolvendo o usuário em plena mobilidade.» (Lemos, 2004:2).
O carácter móvel do telefone supõe que aquele que liga e aquele que recebe uma ligação estejam sempre disponíveis, não importando onde possam estar. Isto adapta e reforça estilos de vida móveis e relações físicas dispersas, permitindo a libertação do corpo do lugar. Os telefones móveis estimularam a intrusão do comportamento privado dentro do espaço público.
Outro ponto a salientar está relacionado com os jovens e a sua relação com este novo meio de comunicação. Agarrados ao seu telemóvel, os jovens e até as crianças debitam invulgares capacidades de escrita em tão minúsculo teclado. Os SMS (Short Message Service) vieram revolucionar todas as formas de comunicação e sociabilidades entre os jovens. Por exemplo, as cartas de amor enviadas pelo namorado para a namorada são substituídas por alguns caracteres enviados via SMS. De uma forma rápida se marcam e divulgam encontros… Os SMS são os veículos privilegiados para o flirt…
Portugal é conhecido por ter tido uma adesão fortíssima ao uso do telemóvel, tendo este entrado de forma marcante no quotidiano dos portugueses alterando rotinas de trabalho, familiares e de relacionamentos em geral, bem como, da gestão da comunicação nos diversos espaços: profissionais, domésticos ou públicos.
Os dados da ANACOM mostram que neste momento existem mais telemóveis que portugueses! Isto evidencia que este equipamento entrou de forma irreversível nas práticas comunicacionais e que algumas pessoas usam mais do que um aparelho com finalidades diversas, nomeadamente, como forma de separar a actividade profissional das restantes actividades pessoais.
O telemóvel na sociedade portuguesa é um instrumento essencialmente utilizado e percepcionado como facilitador da gestão da vida pessoal, familiar e social. 60% utiliza-o para saber como estão amigos e familiares ou as pessoas do agregado familiar.
O desafio é analisar este processo de mudança no sentido de compreender os indivíduos e a criação e gestão de redes de relacionamento. Será este ambiente de comunicação móvel propício à expansão das redes relacionais ou, pelo contrário, a tendência é para reforçar a existência de arquipélagos de comunicação onde se torna ainda mais difícil entrar?
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Televisão

Se o nascimento da rádio se coloca como ponto de con¬fluência de desejos, aspirações e carências de ampla parcela da população portuguesa, materializando-se no espaço doméstico como objecto de atenções e no espaço urbano como mediador de relações, a televisão segue o mesmo caminho. A televisão adquire centralidade nos lares portugueses, obscu-recendo o papel que o rádio havia exercido décadas antes. No entanto, a sua presença material exige uma atenção diferente da exigida pelo aparelho radiofónico. Se o rádio acompanhava o receptor onde quer que ele estivesse, a televisão nasce fixa e assim permanece durante muito tempo. A televisão controla as atenções em torno de si, procurando maior quota de audiência. O seu po¬der persuasivo é maior porque a imagem impõe-se como soberana relativamente à voz. Essa imposição é alicerçada pelo uso, desde os primeiros anos, da espectacularidade da imagem, que incorpora níveis de atenção superiores ao do antigo meio.
A espectacularidade dos eventos torna-se mais real do que os próprios eventos. O imaginário mais real do que o real, revela-se por inteiro por intermédio da co¬municação mediada tecnologicamente. Personagens de telenovela tornam-se íntimos e tão próximos quanto um parente ou um ami¬go querido. Comenta-se a sua história, fala-se do seu carácter, das suas escolhas, das suas opções, nos lares, nos bares, tor¬nando-se, as personagens da fantasia mais verosímeis do que os políticos que ocupam as páginas dos noticiários. Enquanto isso, os discursos dos políticos, de tão cruéis, transformam-se, para muitos, em “contos-da-carochinha”, uma vez que o vilão, de tão vilão, torna-se a personagem de um mundo fantasioso.
Entretanto, as sociabilidades diferenciam-se à medida que o meio comporta novos avanços. A televisão paga, constrói um novo ciclo de interacções. Para uma pequena parcela da população, comenta-se não sobre o escândalo de um político português ou o vilão da novela das vinte e uma, mas sobre políticos e personagens do mundo. As conversas nos bares, nos shoppings, nas praias, nas universidades tornam-se interditas para muitos, pois os conteúdos referen¬ciais estão inacessíveis para a maioria da população. Cria-se uma sociabilidade marginalizadora. São ainda poucos os convidados a participar dos colóquios informais. A televisão divide as classes sociais. Há a televisão para poucos e a televisão que todos vêem.
A televisão, agora como dantes, é símbolo de estatuto social. Na lógi¬ca de configuração das estruturas de poder social, a televisão revelava-se como moeda forte. Restrita a poucos devido ao alto custo inicial, a televisão era um chamariz. A televisão funcionava como um divisor social, entre quem, possuía o sonhado bem, e os que não possuíam o objecto desejado. À semelhança das festas medievais, que cava¬vam um espaço entre a multidão para ver o rei passar, ou, por outras palavras, para ver o apresentador representar. A moldura da janela, por onde o olho marginal passava à procura de miga¬lhas de imagens, separava os que foram convidados para a festa, a nobreza dos plebeus, os penetras do espectáculo. A moldura na janela funcionava como o fosso que separava os moradores do castelo dos humildes campesinos. Era a segmentação social mediada tecnologicamente.
Nos lares, a televisão mistura-se com os objectos de decoração das sa-las criando uma harmonia estética e transforma-se ela mesma em adorno. Entretanto, mais do que mero adorno, a televisão incorpora-se rapidamente no imaginá¬rio dos utilizadores. No seu início, a TV é o arquivo cultural do rá¬dio, na medida em que utiliza, tanto quanto este, os romances como pretexto para a dramaturgia, no tempo em que assimila a estrutura narrativa das radionovelas traduzidas, agora, em ima¬gens, e transfere o ritmo frenético dos programas de auditório para o espaço privado.
A televisão a cores proporcionou uma mudança na relação das pessoas com o mundo em seu redor, funcionando como um gerador de mudança. Por exemplo, após as primeiras emissões da televisão a cores entre outras situações as pessoas começaram a vestir-se de uma forma mais colorida e alegre.
Nos lares, sociabilidades particulares distinguem gerações distintas no uso da televisão. Os jovens vêem TV mais do que a escutam, pois este meio exerce um po¬der imaginário sobre os mesmos. Estes olham para a televisão, atraídos pelas suas imagens, enquanto têm a audição voltada para outro meios. A imagem traduz os discursos necessários à compreensibilidade e a TV só é accionada na sua plenitude quando a imagem for atraente o suficiente para exigir atenção específica. Os adultos, têm uma atenção também desfocada, mas noutro nível, ouvem-na mais do que a vêem. Estes fazem as suas rotinas domésticas enquanto es¬cutam os programas do momento. A televisão, da mesma forma, só se agiganta quando a narração se torna dramática o suficiente para exigir atenção redobrada.
A televisão, a partir de 1990, acompanha, assim como o rádio, o utilizador. Das salas, desloca-se para os quartos, para as varandas, para as cozinhas, para as casas de banho. Em cada um desses espaços requer sociabili¬dades específicas. Para os jovens, junta-se, no quarto, ao vídeo ou mais recentemente ao DVD, agindo como demarcação de território: verdadeiras trincheiras uns; fortalezas inexpugnáveis, outros. Mas a TV, à semelhança do rádio, invade também os espaços públicos. Ela não se encontra nas praças, como no início, mas sim nos bares, nos restaurantes, nas casas de espectáculos.
Nos restaurantes, é peça imprescindí¬vel. Em casa, não é diferente: come-se assistindo à TV. Nos bares, compõe o ambiente: conversa-se com o olho na TV. Nos estádios de futebol, acompanham-se os lances também por ecrã gigante, mas aí, além do indivíduo ver o espectáculo em acção, também, e principalmente, vê-se a si próprio nele inserido.
Os profissionais dos média perdem a individualidade e trans¬formam-se nas suas próprias personagens. São reconhecidos nas ruas como tais, são chamados para apresentar eventos nos quais incorporam papéis, montam escândalos ao estilo do melhor me¬lodrama televisivo para terem espaço na imprensa. Os reality shows revelam uma exa¬cerbação dessa prática que já era corrente nos áureos tempos do cinema. Nestes programas não somente os participantes viram personagens, recriando a sociabilidade básica – ir ao WC, tomar banho, escovar os dentes, dormir –, mas também trazem à mente da audiência a ideia da existência de uma vida pú¬blica que só existe em função da vida privada na sua dimensão mais elementar. Uma vida privada que só ad¬quire significado e relevância quando espectacularizada…
A luta de classes na transmutação de fronteiras desaparece. A empregada doméstica está no mesmo nível de interacção com a alta sociedade, o playboy com o hippie, o empresário com o ocioso. Cria-se a ideia da existência de uma sociabilidade sem classes sociais, que se concretiza na televisão e também no imaginário da audiência, dos mais desfavorecidos na escala social aos mais beneficiados pelo sistema. Esses últimos, por sinal, constroem uma interacção com um outro meio, inacessível para os primeiros: a Internet
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Rádio

Com o desenvolvimento tecnológico, nasce o rádio. A partir do seu aparecimento, um novo ciclo de sociabilidades se forma. Do espaço público, o rádio já se estabelece como cen¬tro do espaço privado. Para ele, convergiam as conversas. Para ele, se elaboravam novas rotinas diárias. A sala de visita das pequenas famílias burguesas, local das conversas mais formais, transforma-se em espaço de entretenimento e informação. Por intermédio do rádio, a casa e a rua confluem. Da difusão de músicas clássicas, passando pela recitação da literatura às adaptações de romances estrangeiros, o rádio ganha rapidamen¬te popularidade. As novelas radiofónicas apresentam papel essencial nessa transição. Estas mobilizam as atenções, mas, especialmente, fomentam o imaginário, importando contex¬tos culturais muito distantes das classes populares.
O rádio, voltado para a dona de casa em geral, das recém-casadas às matriarcas, insuflava ventos de mu¬dança no espaço doméstico. Para as recém-casadas, as novidades dos electrodomésticos, coisa rara no quotidiano das donas de casa portuguesas, onde prevaleciam as práticas de cozinhar e limpeza desgastantes, a batedeira substitui a mão feminina calejada que revolvia a massa. O sabão em pó poupava à mulher o esforço de esfregar e torcer a roupa a fim de retirar a sujidade que impregnava os tecidos. Era um tipo único de li¬bertação. Sobrava tempo, portanto elevava-se a disposição para se deliciarem na escuta atenta das novelas radiofónicas.
Às jovens mulheres era dado, enfim, um espaço próprio, não de trabalho, mas de diversão. O rádio oferecia a oportunidade de demarcar um espaço e um tempo somente seu dentro dos seus inúmeros afazeres e encargos diários e emocionais. Para as ma¬triarcas, o rádio era percebido como objecto estranho. Uma inva¬são do seu espaço privado. Os anúncios das últimas novida¬des domésticas eram coisas de jovem; objectos curiosos, mas de pouca valia. O seu reconhecimento social dava-se por intermédio do trabalho doméstico tradicional apreendido de mãe para filha, à maneira antiga. No entanto, o rádio abria novas possibilidades para as velhas gerações, ainda que, na maior parte do tempo, os conteúdos lhes fossem estranhos. As no¬vas formas de sociabilidade atingiam todos, incorporando-se lentamente nas conversas nas calçadas das gerações anteriores, próprias de uma sociedade tradicional.
Os eventos retratados pelos noticiários e os progra¬mas de variedades incitavam reflexões sobre a condição femini¬na. As notícias da guerra mostravam um mundo em destruição e a chegada lenta de um outro ainda em estádio embrionário. Os noticiários eram, agora, comentados no momento da sua difusão.
Nos cafés, nas praças, nas ruas, não se passava sem que se comentasse o acontecimento do momento. Os programas de va¬riedades abriam as portas de um universo antes desconhecido. Havia tantas e tão inusitadas novidades de consumo que esti¬mulavam a imaginação e o desejo de posse. Mas os programas de variedade não actuavam apenas nessa vertente; o essencial, e talvez o mais importante, era a nova sociabilidade a que dava origem. A possibilidade de entrar em sorteios, de fazer parte dos gracejos do apresentador criava novos laços de visibilidade social. Era um novo estatuto que surgia por intermédio deste novo meio de comunicação.
Esse mundo ganha amplitude com o uso simultâneo das ondas curtas e médias, a invenção do transístor e a chegada da televi¬são. As duas faixas de frequência dividem as gerações em apro¬priações diferenciadas do aparelho. A invenção do transístor possibilita o aparecimento do rádio portátil, criando novos espaços, para novas interacções. Em paralelo, a chegada da televisão carrega consigo mudanças importantes nas relações do rádio com os seus utilizadores. Quem conseguisse entrar no cir¬cuito mediático do rádio criava uma aura de diferenciação social. Era um novo estatuto que surgia por intermédio da mobilidade do aparelho, que tira o rádio da sala e o transporta para outros cómodos. Acompanhando a escuta flexível, os sujeitos sociais criam outros laços de interacção. O rádio na cozinha agora atenua o trabalho doméstico; na varanda, ele acompanha o momento de descanso; na sala é, para os jovens bailar ao som do rádio nas tardes de domingo; no quarto é reflexo de intimidade. Da casa, a mobilidade estende-se para o espaço público. Na construção civil, está no balouçar dos andaimes; no campo, embala os sons do trabalho; nos bares, movimenta o lazer dos jovens; nas ruas, acompanha a velocidade vertiginosa dos carros; nas estra¬das é companhia para os solitários motoristas; nas sombras da noite, é alerta para os vigias nocturnos e companhia para as men¬tes que sofrem de insónia e para os corações solitários.
Perdendo centralidade no espaço doméstico pela televisão, o rádio dá uma reviravolta e torna-se, pelo seu uso, ele¬mento importante no espaço público. Semelhante às grafonolas das quais é herdeiro, o rádio ganha espaço em todos os locais, até ao tablier dos carros, chegando às malas dos mesmos. Acoplado a caixas de som potentes, nos pontos de encontro da juventude, o rádio adquire a função de formação de ambiente para a degustação da cerveja nas ruas, para a diversão nos bancos de jardim, para a confraternização com os amigos. Agora, o rádio não tem a função de difundir produtos milagrosos, como antes, pois ele é o próprio objecto de consumo e mediador de um novo status social.
No imaginário juvenil, a maior potência do rádio está vincu¬lada à sexualidade e ao seu poder de sedução. Para quem possui o equipamento proporciona aumento da capacidade de masculinidade com o objecto da diversão como também possibilita maior inser¬ção no jogo das relações sociais, desta vez de forma impositiva.
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Telégrado / Telefone

O ser humano é, paralelamente ao universo, um ser em expansão em todas as suas vertentes quer sejam físicas, mentais ou psicológicas.
No século XIX, em parte potenciado pela guerra civil dos Estados Unidos, iniciou-se um processo extremamente importante de profissionalização do jornalismo e das técnicas de reportagem. Associado a este crescimento da imprensa deve acrescentar-se a invenção do telégrafo. Os telégrafos, aparelhos usados na transmissão de mensagens gráficas a partir de códigos, foram inventados pelos americanos Joseph Henry e Samuel Morse, em 1835. Samuel Morse foi o primeiro a introduzir as linhas telegráficas no mundo inteiro, baseadas no sistema de pontos e traços na codificação das mensagens. Mais tarde, em 1872, o francês Jean Maurice Émile Buador aprimorou o invento, desenvolvendo um método de divisão da mensagem em vários canais.
Foi só com o advento do telégrafo que a mensagem começou a viajar mais rápido do que o mensageiro.
De facto, o telégrafo permitiu que a comunicação fosse quase instantânea. Pode dizer-se que a comunicação entrou na era moderna, a era da comunicação à distância.
Como já foi referido, o telégrafo foi a primeira forma de comunicação instantânea à distância. É certo que anteriormente a comunicação à distância era possível, pois já existiam os correios, mensageiros e barcos. Contudo, foi o telégrafo que veio inaugurar a era da comunicação com recurso à electricidade e como tal à comunicação instantânea. O tráfego de informações no telégrafo era quase totalmente para fins comerciais, militares, investimentos, cotações, notícias de negócios, etc. Mas para enviar ou receber uma mensagem, o utilizador dependia integralmente do operador. Este meio técnico removeu o espaço como um impedimento inevitável ao movimento da informação e apagou fronteiras. Após o telégrafo surge o telefone. O Telégrafo teve, de facto, uma importância decisiva, já que seria sobre as suas linhas que se viriam a efectuar as primeiras comunicações telefónicas. Sem este antepassado, o moderno telefone não teria visto a luz do dia.
O telefone é um dispositivo de telecomunicações desenhado para transmitir sons por meio de sinais eléctricos.
É definido como um aparelho electroacústico que permite a transformação, no ponto transmissor, de energia acústica em energia eléctrica e, no ponto receptor, a transformação da energia eléctrica em acústica, permitindo desta forma a troca de informações entre dois ou mais indivíduos. É lógico que, para haver êxito nessa comunicação, os aparelhos necessitam estar ligados a vários equipamentos, que formam uma central telefónica.
É com este instrumento que a voz Humana é pela primeira vez propagada a grandes distâncias.
Torna-se relevante fazer uma sucinta resenha histórica sobre o aparecimento do telefone.
O dispositivo foi inventado por volta de 1860 por Antonio Meucci que o chamou electrofonecado, como reconheceu o Congresso dos Estados Unidos na resolução 269, de 15 de Junho de 2002. Há muita controvérsia sobre a invenção do telefone, sendo esta geralmente atribuída a Alexander Graham Bell. A primeira demonstração pública registada da invenção de Meucci teve lugar em 1860, e teve sua descrição publicada num jornal de língua italiana de Nova Iorque.
Em Portugal as primeiras experiências de telefone iniciaram-se em 24 de Novembro de 1877, ligando Carcavelos à Central do Cabo em Lisboa. A primeira rede telefónica pública foi inaugurada em Lisboa a 26 de Abril de 1882 pela Edison Gower Bell Telephone Company of Europe Ltd que tinha a concessão atribuída desde 13 de Janeiro de 1882.
Impõe-se que se preste homenagem a um inventor português. Cristiano Augusto Bramão reuniu, pela primeira vez, numa única peça um emissor e um receptor de telefone. Corria o ano de 1879, apenas três anos após o registo da patente de Alexander Bell. Foi assim concebido o telefone de mesa que fora utilizado, nesse mesmo ano, para a realização da primeira comunicação telefónica entre as duas margens do rio Tejo. Nos EUA, os primeiros telefones de mesa surgiram apenas em 1897 e, ainda assim, com o emissor e o receptor separados. Só muito mais tarde, cerca de 50 anos após a invenção de Bramão, em 1927, a AT&T lançaria os telefones com combinação de receptor e emissor. Infelizmente a invenção de Bramão não foi aproveitada, dada a incapacidade das autoridades portuguesas para articular uma acção de promoção eficaz.
O primeiro serviço de telefone automático foi inaugurado em Portugal em 1930, e em 25 de Setembro de 1937 a APT inaugurou a primeira estação automática na Estrela em Lisboa. Nesse ano a rede da APT tinha 48 000 assinantes.
Todos estes acontecimentos tiveram, obviamente, interferência na forma como os indivíduos se formaram e formataram enquanto seres sociais. Fazendo uma análise sobre toda a trajectória do telefone, é importante saber que a história deste artefacto técnico revela algumas e, porque não dizer várias, afectações e sensações totalmente novas no ser humano. Isto é, a história do telefone mostra como uma materialidade influencia o corpo e traz novos e diferentes sentidos culturais que são explicitados através de novas práticas sociais. Nos primórdios do telefone, a comunicação era realizada através de fios e cabos. Os telefones eram fixos e resumiam-se às residências particulares e aos estabelecimentos comerciais. Mesmo depois, com a introdução dos telefones públicos, ainda persistia a separação público-privado com a divisória acústica das cabines telefónicas que têm a função de isolar o universo particular da conversa do espaço público.
Nasce assim, uma nova era nas comunicações cuja electricidade, há pouco descoberta, veio fomentar a ebulição e o borbulhar da sopa criativa, que a arte e engenho da mão humana desenharam, uma revolução importante na comunicação, numa civilização cada vez mais sedenta de sociabilidade.
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Electricidade

O aparecimento da electricidade é, com certeza, o factor que mais tem contribuído para o desenvolvimento da humanidade. A electricidade revolucionou por completo o modo de vida humano em todos os aspectos, melhorando a qualidade de vida.
Este embrião energético catapultou a humanidade para um crescimento abrupto. Pode-se dizer claramente que desta fonte, advêm progressos mecanicistas, que contribuíram em todas as áreas, para um desenvolvimento na melhoria substancial das condições de vida.
A importância das questões sociais é tão importante, como as questões de foro científico que se desenvolveram. A segurança que a electricidade proporciona ao Homem vem contribuir para o desenvolver de novas relações sociais, cativando a população para locais mais confortáveis, de convívio social, cultural e desportivo, promovendo a interacção, manifestando tendências culturais, etc. A electricidade veio reduzir o isolamento e criar uma sociedade iluminada, sem receio da escuridão, transformando a tristeza em felicidade.
A melhoria das condições de habitação constitui também outro factor de desenvolvimento da sociabilidade entre os indivíduos. Com o aparecimento da electricidade, o Homem passou a gerir de outra forma os seus horários, não dependendo da luz solar para se orientar.
Pode-se afirmar que a electricidade é a criança das evoluções tecnológicas. A energia eléctrica contribuiu decididamente para o progresso e desenvolvimento de novas tecnologias. A lâmpada, o telégrafo, o telefone, a rádio, a televisão, etc., tem na base da sua existência o aparecimento da electricidade.
A electricidade é a centelha da realização humana, unindo nações, cumprindo distâncias a 300.000 km por segundo, só sendo ultrapassada pela velocidade do pensamento, dando, assim, o seu contributo para a Humanidade de uma forma global.
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Imprensa

Apesar da escrita se tornar a memória de um povo, de uma cultura, de vencer, sob este aspecto, a barreira do tempo e do espaço, existiam alguns problemas. Os manuscritos inicialmente eram gigantescos, pesados, propriedades de bibliotecas e difíceis de manusear. O homem empenhou-se na popularização da escrita e, em 1450, recebeu um impulso com a imprensa de Gutenberg.
Profecias apocalípticas foram efectuadas no hemisfério dessa descoberta por aqueles que detinham nas suas mãos os manuscritos, modelos singulares, e não desejavam que esse saber estivesse ao alcance de todos, mas que continuasse limitado aos conventos e bibliotecas de acesso vedado ao povo. A imprensa chegou a ser considerada heresia. Com o passar dos anos, essas profecias desmoronaram-se e o livro tornou-se móvel, disponível para apropriação e uso pessoal.
A invenção da imprensa vem aumentar consideravelmente o número dos cultos e alfabetizados, revolucionando teorias e práticas anteriores. Este meio, mais económico e de fácil manuseamento, induz à vontade de conhecer, processar e comunicar toda a informação armazenada. O conhecimento alarga-se e perpetua-se, estabelece novas etapas na evolução do homem e, consequentemente, das sociedades e produz uma certa “massificação” das mensagens, da obtenção da informação e na moldagem do saber.
Por tudo isto, a imprensa é fundamental na sociabilidade entre os Homens. Estando a informação disponível mais facilmente, o transmitir de conhecimentos torna-se mais comum e fácil de realizar.
É neste contexto, que surge um novo meio de comunicação, de elevada relevância no processo de socialização: o Jornal. Este permite uma maior divulgação dos acontecimentos locais e exteriores, que de outra forma não era conseguido. Ao chegar a todos os estratos sociais, o Jornal assume-se como um elemento impulsionador na divulgação das notícias e desenvolvimento social e cultural.
O primeiro jornal português foi fundado em 1641, no continente, com o nome “Gazeta de Lisboa”.
Com a proliferação de diferentes jornais, a imprensa escrita passa a estar ao alcance de todas as classes da sociedade que, por razões económicas, não conseguiriam adquirir livros. No entanto, é de salientar que o aparecimento do jornal vem revelar o nível de analfabetismo na sociedade, sobretudo nos estratos mais baixos, os quais, apesar de, nesta altura, terem mais facilmente acesso à informação e à leitura através do jornal, não conseguiam tirar partido deste novo meio de comunicação.
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Aparecimento da Escrita


Desde sempre que a comunicação se traduziu num elemento central no âmbito das relações humanas. A comunicação é uma necessidade do homem social, que enfrenta desafios e que através da sua forma de comunicar pode ultrapassa-los mais facilmente.
Figura 1- Escrita Cuneiforme SumériaO aparecimento da escrita (cerca de 3000 a.C.) veio por isso colmatar uma lacuna que existia na forma de comunicar dos homens. A escrita é um passo importante para o Homem na arte de comunicar. Na sua forma mais primitiva, é o elo de ligação entre os povos, pois transmite para a geração futura todo o conhecimento adquirido, fornecendo sabedoria aos seus sucessores, no caminho para a prosperidade. A introdução da escrita, enquanto sistema capaz de exprimir graficamente a linguagem, acelerou todo o processo de construção da cultura e de evolução das formas de sociabilidade.
Fazendo a ligação temporal da importância da descoberta da escrita, foi necessário torná-la móvel, daí o aparecimento do papel, elemento móvel e representativo da escrita e das figuras.
As primeiras mensagens eram transmitidas por estafetas, que percorriam muitas distâncias para levar a informação ao seu destino. Esta situação era por si só insegura, na medida em que os estafetas estavam constantemente sob perigo e as mensagens não chegavam muitas das vezes ao seu destino, ou chegavam adulteradas.
Para ultrapassar estes perigos, o homem começa a investir em formas de comunicação mais institucionalizadas e organizadas.
Em 1520, surge em Portugal, a primeira instituição organizada para o envio de mensagens escritas: “Correio Público”, actualmente denominada por CTT, Correios de Portugal, S.A. O aparecimento dos correios veio facilitar o intercâmbio de mensagens entre as pessoas, dos diversos estratos sociais. Desta forma, os correios aproximaram os indivíduos, contribuindo para a sua mais ampla sociabilização com outros, não necessitando de uma presença física para se comunicarem.
A escrita, que era a nova tecnologia da altura, trouxe o afastamento do corpo no processo de comunicação e socialização, uma vez que não era preciso a presença física para efectivar a comunicação. Este fenómeno permitiu ao Homem socializar-se com outros povos sem necessitar de estar face-a-face com eles. Para além disto, a escrita permitiu ao Homem guardar registos de acontecimentos sociais e outros, que possibilitaram aos seus vindouros a compreensão do passado.
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O Homem Primitivo

Para se perceber como foi a percurso no domínio das comunicações e o que isso implicou no processo e progresso das diversas linguagens e sociabilidades que suportam todo o desenvolvimento em sociedade, é necessário recuar ao passado.
O Homem Primitivo não falava, apenas grunhia sons monossilábicos, tinha gestos e comportamentos empíricos, acompanhados por sensações e reacções que eram compreendidos pelo grupo. Esta era a primeira forma de comunicar, pois o grupo entendia-se, mesmo sendo um pouco à semelhança de outros animais irracionais. O tempo foi importante para cimentar a parte cerebral, orgânica e cognitiva, fruto da sua postura, agora erecta (homo erethus). Essa verticalidade permitiu ao homem ver o mundo de outra forma, de cabeça levantada, desenvolvendo, desde cedo, faculdades racionais que lhe deram o impulso à sua nova necessidade de comunicar.
Assim, em zonas onde se agrupavam famílias e se constituíam aldeias, aumentava o relacionamento e a obrigatoriedade de se comunicar. Com a mobilidade dos povos, que se deslocavam sazonalmente, essencialmente por motivos de ordem de subsistência, o homem começou a cruzar-se com outros meios sociais, onde o desconhecido fez com que ele tivesse a necessidade de desenvolver novas formas de sociabilidade.
A Humanidade, desde sempre, procurou enviar as suas mensagens à distância, a distâncias que ultrapassassem os alcances da sua voz. Nesse sentido, enveredou a Humanidade pela transmissão de sinais de fumo e de ondas sonoras, através de pequenas nuvens criadas com as suas mãos ou através da percussão de tambores ou similares. As nuvens podendo ser avistadas no céu, bem como os sinais dos tambores permitiam que o receptor descodificasse a mensagem do emissor, apesar de estar numa posição longínqua.
Perante toda a sua experiência, absorvida pelas suas vivências quotidianas, o homem evolui para um patamar mais alto, tenta a representação gráfica dos seus pensamentos, dos seus medos, conquistas e admiração pela natureza em geral. Nesta altura, já é um homo sapiens, formado em toda a sua plenitude, que racionaliza os seus actos, calcula os seus pertences do negócio, etc.
Este mesmo passado pré-histórico remete para o princípio do símbolo, ou seja, aquilo a que comummente se designa por imagem simples, cujas manifestações mais significativas podem ser encontradas nas pinturas rupestres. Tudo começa então com o simbolismo, ou seja, a atribuição de um significado a algo.
Perante toda a sua experiência, absorvida pelas suas vivências quotidianas, o homem evolui para um patamar mais alto, tenta a representação gráfica dos seus pensamentos, dos seus medos, conquistas e admiração pela natureza em geral. Nesta altura, já é um homo sapiens, formado em toda a sua plenitude, que racionaliza os seus actos, calcula os seus pertences do negócio, etc.
Este mesmo passado pré-histórico remete para o princípio do símbolo, ou seja, aquilo a que comummente se designa por imagem simples, cujas manifestações mais significativas podem ser encontradas nas pinturas rupestres. Tudo começa então com o simbolismo, ou seja, a atribuição de um significado a algo.
É inegável a importância dos símbolos na elaboração da linguagem e a relevância desta na coesão dos grupos sociais. E é de supor que a transposição da palavra oral para a escrita tenha consistido, no fundo, na criação de um outro tipo de símbolo gráfico: o grafema.
Arte rupestre, pintura rupestre ou ainda gravura rupestre, é o nome que se dá às mais antigas representações pictóricas conhecidas, as mais antigas datadas do período Paleolítico Superior (40.000 a.C.) gravadas em abrigos ou cavernas, em paredes e tectos rochosos, ou também em superfícies rochosas ao ar livre, mas sempre em lugares protegidos.
Este tipo de comunicação veio permitir que o Homem pudesse transmitir o seu conhecimento, sobretudo no que concerne a caças e utensílios utilizados, aos vindouros.
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Introdução

O Homem, desde os princípios da sua existência, manifestou o desejo de conquistar, de descobrir, de procurar novas formas de ir mais além, na árdua tarefa de conhecer o mundo que o rodeia e de ultrapassar as limitações inerentes ao vínculo que o liga ao espaço onde se circunscreve a sua experiência. As inovações tecnológicas aplicadas aos meios de comunicação, fruto da tenacidade de alguns “espíritos iluminados”, são os instrumentos, por excelência, que permitem ao ser humano encurtar a distância que o separa dos outros seres da sua espécie.
Com a escrita, passou a ser possível tomar conhecimento de factos presenciados ou relatos feitos por pessoas que viveram noutras épocas ou lugares. Pela primeira vez na história, o discurso pôde ser compreendido e analisado fora do contexto em que foi produzido. Segundo Lévy, "a comunicação puramente escrita elimina a mediação humana no contexto que adaptava ou traduzia as mensagens vindas de um outro tempo ou lugar".
Milhares de anos depois, o homem deparou-se com outras duas revoluções: a revolução da imprensa e a revolução do computador. Segundo alguns pensadores "esta passagem da cultura tribal para a cultura escrita/tipográfica foi uma transformação tão profunda para o indivíduo e para a sociedade, como está a ser a passagem da cultura escrita para a cultura electrónica, que actualmente vivenciamos".
Com a evolução das tecnologias de comunicação, o homem foi gradualmente evoluindo na sua forma de sociabilizar, pois os meios de comunicação permitiram uma maior aproximação entre si, dispensando a sua presença física. A evolução das novas formas de comunicar levou por arrasto a novas formas de socialização
Com a elaboração deste trabalho, pretende-se abordar a evolução dos meios de comunicação e as suas implicações no processo de socialização do Homem, com particular relevo para a actualidade, nomeadamente a Internet.
Pretende-se que este trabalho seja do agrado do leitor e que não sejam goradas as expectativas em relação às matérias abordadas.
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