Computador / Internet




Quando tudo fazia crer que pouco mais haveria a descobrir, eis que o Homem se lança numa nova aventura, no âmbito da qual a própria noção de espaço e de tempo é subvertida, protagonizada pelos novos media, dispositivos tecnológicos que operam a recontextualização comunicacional dos nossos dias.
Para analisar os impactos sociais da Internet, é pertinente efectuar uma resenha histórica, ainda que sumária, acerca do aparecimento desta ferramenta..
A Internet, “ferramenta” tecnológica que revolucionou o universo comunicacional, é um dos media que permite a interacção entre indivíduos, independentemente da sua localização geográfica, a uma escala sem precedentes na história da humanidade.
Esta fascinante aventura tem o seu início na invenção do computador, dispositivo tecnológico cuja posterior interligação a outros dispositivos semelhantes tornou possível a edificação da rede mundial que dá pelo nome de Internet.
Charles Babbage é uma referência obrigatória quando se deseja analisar a evolução histórica da Internet, na medida em que este conceituado matemático e economista inglês foi responsável, em 1822, por um projecto que permitiu criar uma máquina capaz de realizar cálculos aritméticos, com probabilidades mínimas de erro (a precursora das actuais calculadoras). Mas a grande invenção de Babbage ocorreu em 1833, quando concebeu uma máquina programável que evoluiria até tornar-se no actual computador.
O ano de 1876 é outro marco na história da Internet, pois foi neste ano que Alexander Bell inventou o telefone. E, na medida em que a rede só funciona porque a informação é codificada e transmitida através de fios, não podemos esquecer, nesta sucinta resenha histórica, a importância da invenção do telégrafo, por Samuel Morse, em 1838.
Em 1936, decorrido mais de meio século, o célebre matemático inglês Alan Turing conquistou um lugar na história da técnica moderna, ao construir uma máquina que se poderia comportar «como um ser humano que resolve problemas» (Postman, 1992: 100). O primeiro computador, o Eniac, dos anos quarenta, pesava várias toneladas. Ocupava uma superfície correspondente a um andar de um grande edifício e era programado, ligando directamente os circuitos sobre uma espécie de painel inspirado, ainda, na tecnologia do telefone.
A história mais recente dos modernos computadores reporta-se a uma versão da máquina inventada por John Von Neumann, nos anos 40. Os modernos computadores tiveram, assim, que aguardar uma série de descobertas, como o telégrafo, o telefone e a aplicação da álgebra boleana a circuitos de base de relay para se concretizarem as aplicações que hoje lhes conhecemos. Claude Shannon foi o primeiro investigador a identificar o bit como a unidade mais pequena de informação. Com a invenção do computador, tornou-se evidente que este dispositivo era capaz de realizar funções designadas inteligentes que, até então, só o Homem poderia desenvolver. Na opinião de Postman (1992: 108), «o computador torna possível o cumprimento do sonho de Descartes de matematização do mundo (...)».
Os computadores tornaram-se omnipresentes no quotidiano dos indivíduos e permitem, nas palavras de Postman (1992: 106), «bloquear o mundo real e mover as pessoas através de um mundo simulado, tridimensional».
Há muito que os computadores saíram dos laboratórios e deixaram de ser pretensa de cientistas, matemáticos ou astronautas. Invadiram as empresas e os lares, aumentaram a competitividade, melhoraram a qualidade de vida, levaram as pessoas à Internet e ao mundo virtual. São hoje tão indispensáveis como o pão que se come, a água que sacia a sede ou o ar que se respira. Tal como o indivíduo aprendeu a ler e a escrever, também tem agora de saber computar e conectar.
A ligação às mais remotas áreas do globo, pelo preço de uma chamada local, é cada vez mais uma realidade dos nossos dias. De facto, através de um computador, um modem, uma linha telefónica e um browser, o Mundo entra em qualquer casa, por via do fascínio da Internet (abreviação de Interconnected Networks ou Internetwork System).
A história mais recente desta “ferramenta” tecnológica - Internet - remonta a algumas décadas atrás. Corria o ano de 1962 quando J. C. R. Licklider, investigador do MIT, escreveu uma série de artigos em que propunha o conceito de “Galactic Network”. A “Galactic Network”, na sua perspectiva, seria formada por um conjunto de computadores, ligados entre si, a partir dos quais qualquer pessoa poderia aceder a informações muito diversas, independentemente do local onde se encontrasse. Na sua essência, este conceito corresponde à lógica de funcionamento subjacente à actual Internet. A partir de uma série de investigações posteriores, que estiveram a cargo de cientistas como Ivan Sutherland, Bob Taylor e Lawrence G. Roberts, a ideia de que seria possível levar à prática o conceito de Licklider começou a ganhar forma.
Foi necessário, no entanto, esperar mais algum tempo para que esta ideia se consolidasse. Estava-se em plena Guerra Fria (anos 60/70) e, para os militares norte-americanos, o processamento da informação tornava-se vital na gestão do conflito latente que opunha os dois blocos: a NATO e o Pacto de Varsóvia. Foi no intuito de assegurar que o fluxo de informação entre os diferentes centros de processamento não fosse interrompido pelo inimigo que os militares norte-americanos propuseram a alguns investigadores que reformulassem a forma como os diversos pontos da rede comunicavam entre si.
A Internet teve, assim, a sua origem no final dos anos 60 (mais precisamente em 1969), quando a Advanced Research Projects Agency – ARPA -, criada pelo Presidente Eisenhower e subsidiada pelo Departamento de Defesa do Governo dos Estados Unidos da América, criou uma rede experimental, designada ARPAnet. Era, então, formada por apenas quatro computadores, destinada à troca de informação. A partir de um conjunto inicial de quatro computadores em 1969, a rede acabou por ligar, ao fim de dez anos, cerca de 200 computadores instalados em organizações militares e de investigação em todo o território dos Estados Unidos, com algumas ligações noutros continentes. Estava, pois, criada uma rede de pesquisa militar, a primeira rede informática descentralizada do Mundo. Após a apresentação pública da ARPAnet, em 1972, esta incipiente rede começou a crescer lentamente durante os anos que se seguiram, ainda que, por razões de segurança, continuasse a ser controlada pelos militares.
A rede, tal como hoje a conhecemos, só se tornou possível com o protocolo de transferência de ficheiros inventado por Lee, o célebre HTTP (Hypertext Transfer Protocol), baseado na linguagem HTML (Hipertext Markup Language), que permite a cada documento conter hotwords, ou seja, hiperlinks, para aceder a mais informação sobre o assunto em causa, que mais não são que ligações de hipertexto a outros documentos, também eles em formato HTML. O conceito de hipertexto está na base da World Wide Web. Na prática, trata-se de permitir que a passagem de um documento (palavra, expressão ou imagem) remeta para outra secção desse documento, ou mesmo para outro, através de links, ou hiperlinks.
A Web conseguiu, assim, afirmar-se como uma ferramenta multimédia, pois, através das inúmeras páginas ou sites, existentes na rede, permite conjugar texto, som, imagem e animação através da linguagem HTML e do referido protocolo HTTP. É através deste protocolo que a informação chega de um computador, ou de vários computadores localizados remotamente, a cada um lares, desde que, para tal, se esteja “ligado”.
Em 1994, a Internet era praticamente desconhecida na Europa, mas, com o aumento do número de utilizadores e com a explosão de serviços oferecidos, rapidamente se expandiu. O crescimento invulgar do número de utilizadores da Internet, em todo o mundo, tem tido o seu correspondente em Portugal. Segundo um estudo efectuado pela MARKTEST, em 2007, estima-se, que mais de 40% dos portugueses (quatro milhões de pessoas) tenham acesso à Internet, em casa, no local de trabalho e/ou na escola. Milhares de contas são abertas todas as semanas…
A informação não é a única motivação que impele as pessoas a aceder à Internet. A rede mundial coloca ao seu dispor um vasto leque de serviços que não pára de aumentar: desde a banca electrónica, à compra de todo o género de produtos, à reserva de hotéis e bilhetes para espectáculos, até ao acesso on-line ao jornal preferido (com todas as vantagens que isso comporta, como o baixo custo, ou a possibilidade de aceder às notícias em tempo real) as suas possibilidades são incalculáveis. A própria administração pública já se rendeu ao interesse das novas tecnologias da informação, o que permite, por exemplo, que os cidadãos portugueses possam apresentar a sua declaração de rendimentos, efectuar operações bancárias e financeiras, etc., através da Internet.
Meio híbrido por excelência, união da imagem, do som e da escrita, a Internet passa a mesma ilusão de sociabilidade transclassista dos programas televisivos. Aqui, tem-se a sensação de que muitos dos indivíduos que compõem o planeta estão em harmonia, trocando ideias, artefactos e cultura na rede. As barreiras sociais parecem ter desaparecido com o clicar do rato, as crenças religiosas parecem ter menos importância diante do compar¬tilhar de gostos em comum, os campos culturais esfumam-se.
O impacto suscitado pelos novos dispositivos comunicacionais na sociedade traduziu-se no facto dos indivíduos utilizarem, cada vez mais, outras fontes para adquirirem conhecimentos/informação, em detrimento das fontes tradicionais que eram os indivíduos com quem se relacionavam no dia a dia. Esta situação resultou no nascimento de novas formas de interacção social. A análise destas formas de interacção adquire uma maior complexidade, comparativamente com a análise da forma de “interacção face a face”, visto que os agentes sociais podem estar situados em contextos de espaço e de tempo muito diferentes. Nestas formas de interacção, como seja, por exemplo, a estabelecida num chat,, a relação social entre os sujeitos é mediada pelo dispositivo técnico, o que invalida, por exemplo, a partilha do mesmo contexto espacial. Por isso, há uma restrição dos indicadores simbólicos, como por exemplo os gestos (que abundam na “interacção face a face”), proporcionando meios mais reduzidos para evitar a ambiguidade na situação comunicacional.
A Internet é um instrumento que permite a criação de um ambiente social. Os novos dispositivos comunicacionais induzem quem os utiliza a estabelecerem relações sociais, baseadas numa aproximação emocional entre quem se envolve nesta forma de interacção.
A interacção on-line revela ser muito mais intensa do que a interacção off-line. Isto justifica-se porque, por alguma razão, as pessoas que as estabelecem se sentem de alguma forma afastadas do mundo real, privilegiando as formas de interacção online.
Sendo assim, uma questão que se coloca consiste em saber por que razão quem interage através da Internet, e muito em particular nos chat rooms, prefere a interacção mediada neste espaço virtual, em substituição da “interacção face a face”. A resposta pode residir no facto da interacção mediada permitir a combinação do anonimato com a interacção em tempo real, ao qual se adiciona a possibilidade de através do mecanismo da imaginação/fantasia criar, ou assumir, um papel (construir um personagem) que pode ser idêntico ao que se representa na vida real, ou que, muito pelo contrário, se afasta desse modelo. Os indivíduos desempenham determinados papéis e, numa perspectiva sociológica, cada um escolhe as máscaras que tem de usar para “representar”. O indivíduo, a “persona” (termo grego que significava a máscara utilizada pelos actores no teatro greco-romano) é entendido como tendo um repertório de papéis, cada um dos quais adequadamente equipado com uma determinada identidade. Sociologicamente, o ”eu” deixa de ser uma identidade objectiva, sólida, que se transfere de uma situação para outra. Será um processo, criado e recriado continuamente em cada situação social em que uma pessoa participa. Perante este emaranhado de papéis, que implica a construção de diferentes identidades, é pertinente questionarmo-nos sobre quem é, realmente, este sujeito, pois, aparentemente, o indivíduo comum em nada se diferencia do que sofre do distúrbio psiquiátrico, denominado por múltipla personalidade.
Através da difusão dos novos dispositivos comunicacionais, as relações sociais ganham novos contornos. Os utilizadores das redes de Internet não se vêem entre si, podendo ocultar, desta forma, a sua verdadeira identidade e assumir identidades diferentes. Com a integração das novas tecnologias na experiência dos sujeitos, todo o equilíbrio das suas representações e imagens se transforma, como ocorreu com a imprensa ou com a televisão.
Perante o novo cenário comunicacional, a questão que se coloca é esta: Quem somos quando estamos on-line? A resposta tem que passar, invariavelmente, pela reflexão sobre a mutabilidade que sofre a identidade das pessoas, na medida em que, quando estão on-line, podem assumir diferentes identidades (identidades virtuais).
É necessário ainda reflectir sobre as potencialidades que o anonimato proporciona, que não são possíveis de alcançar na realidade off-line, e que podem condicionar definitivamente a forma como o indivíduo interage neste novo contexto social. Um outro aspecto, sobre o qual é importante reflectir, consiste em saber como é possível “negociar” relações sociais “verdadeiras”, no âmbito das comunidades virtuais, já que, na “interacção face a face”, a condição da possibilidade de estabelecer essas mesmas relações residia precisamente no reconhecimento da identidade dos sujeitos envolvidos na interacção presencial.
A possibilidade que os indivíduos têm de criar múltiplas identidades on-line tem, efectivamente, causado um enorme fascínio nos investigadores. Através do anonimato, o indivíduo pode inventar versões alternativas de si mesmo.
Por outro lado, os media que permitem o anonimato favorecem a intimidade. É mais fácil revelar as confidências a alguém que não se conhece. Uma primeira ilação que se pode extrair é a de que os sujeitos, ao sobrevalorizarem as potencialidades que o anonimato lhes proporciona, assumem identidades que não correspondem à sua “verdadeira” identidade, aquela que está consolidada off-line. A construção de falsas identidades é parte integrante do universo on-line. Levy (2000) partilha desta opinião, no entanto, faz uma ressalva importante: «as manipulações e os enganos são sempre possíveis nas comunidades virtuais, mas eles são-no também em qualquer lugar sem ser ali: na televisão, nos jornais de papel, ao telefone, pelo correio e mesmo em qualquer reunião “em carne e osso”» (p. 134).Actualmente, o tema da técnica assume novos contornos e passa a ocupar uma posição chave na discussão filosófica sobre o Homem, já que o homem não pode ser definido actualmente, antropológica e socialmente, sem a dimensão técnica. O computador e todos os seus derivados são analisados não apenas num plano “empírico”, como simples dispositivos tecnológicos que o Homem tem ao seu alcance e através dos quais percebe o mundo, mas, acima de tudo, no plano “transcendental”, porque «hoje se concebe cada vez mais o social, o ser vivo ou os processos cognitivos como uma grelha de leitura informática» (Lévy, 1994: 18). As relações que os sujeitos estabelecem entre si, hoje em dia, passam a depender, nas palavras de Lévy, «da metamorfose incessante de dispositivos informáticos de toda a ordem» (idem, p. 9) que invadem o seu quotidiano. Segundo este Professor da Universidade de Paris-X, Nanterre, «na época contemporânea, a técnica é uma das dimensões fundamentais em que se desenrola a transformação do mundo humano por si mesmo» (idem, ibidem). Na sequência desta linha de pensamento, parece legítimo afirmar-se que a forma como o Homem se relaciona com a tecnologia contemporânea é um dos «principais temas filosóficos e políticos do nosso tempo» (idem, ibidem). A tecnologia, inicialmente perspectivada apenas como um simples instrumento de mediação que se interpõe entre o Homem e o Mundo que o rodeia, é integrada totalmente na experiência do sujeito. Lévy (1994) considera que «... a metamorfose técnica do colectivo nunca foi tão evidente» (p.10) como nos dias de hoje.
Os “ciberutópicos” acreditam que a Era Digital vai fornecer a oportunidade de uma vida melhor para os grupos sociais mais desfavorecidos, como os deficientes. Alguns exemplos dos benefícios da tecnologia, na melhoria das condições de vida destes últimos, consubstanciam-se, na utilização de dispositivos / instrumentos, como por exemplo: reconhecimento de voz e tecnologia de transformação da voz em escrita, podem ter excelentes benefícios para os cegos, tal como o correio electrónico abre muitas potencialidades de comunicação ao surdo (que pelo telefone não conseguiria). Os tetraplégicos podem usar detectores, baseados no movimento dos olhos e da boca, para comunicar. São muitos os benefícios que o Computador e a Internet podem trazer no sentido de melhorar a sociabilidade das pessoas com limitações.
Com a ligação às redes informáticas e a edificação de um novo universo comunicacional, a visão que o Homem tem de si e do mundo que o rodeia nunca mais será a mesma. A criação de comunidades designadas virtuais (on-line communities), constituídas na sua maioria por pessoas que não se conhecem fora da rede, inaugura novas formas de sociabilidade. Estas formações sociais, também designadas por “cybersocieties” são definidas como comunidades sem um local próprio e definido, mas com interesses comuns, onde o relacionamento entre os indivíduos é conseguido através de um simples clique.
A ligação à Internet transformou-se, assim, num instrumento de enorme utilidade, mais que não seja, como forma de combater a solidão de muitas pessoas que encontraram, no novo espaço - o ciberespaço - um local onde podem afirmar a sua dignidade como seres humanos e que se manifesta nas relações que estabelecem na rede. O tempo gasto nas salas de chat alarga a rede de relações sociais dos jovens ao mesmo tempo que cria sociabilidades ilusórias, não no sentido de não reais, mas no sentido de requererem, talvez, mais máscaras sociais, e não permitirem o encontro dos mesmos indivíduos, por exemplo, no “bar da esquina”. Encontro este, possivelmente, interdito pela distância geográfica, pela classe social, pelos gostos culturais ou pela incompatibilidade de feitios. O jovem japonês, advogado, troca e-mails com o jovem português surfista, ambos empenhados na defesa ecológica. A rapariga tímida de Guimarães enceta as primeiras investidas amo¬rosas com o rapaz bem apresentado de Cinfães. A mulher, desiludida com os encontros tradicionais, tenta uma aproximação diferente com o sexo oposto através da rede. O empresário expande os seus negócios para outros espaços. A dona de casa, cansada com o peso da rotina diária, procura uma área diferente de entretenimento. O arquitecto troca contactos com o secre¬tário do Museu Soares dos Reis. Os homossexuais encontram espaços, à primeira vista, menos preconceituosos nos sites dos simpatizantes da sua orientação sexual. Mas se, num clicar do rato, se abandona o espaço virtual predilecto, seguro, confor¬tável, e se entra num outro, bem menos receptivo, a interacção harmoniosa é afectada.
O jovem José Lopes, que, nos anos 70, se encantava com os folhetos aos pés da sua mãe, hoje talvez possa ser encontrado no quarto do filho que, ao mesmo tempo que assiste à TV, navega na internet, fala ao telemóvel, ouve rádio, folheia uma revista... A sociabilidade que o folheto trouxe à vida de José Lopes é, sem dúvida, diferente da sociabilidade de um jovem no início do século XXI. Trata-se de uma sociabilidade híbrida, mutável, flexível, plural, e observável.
Os indivíduos, denominados “netizens”, “cibernautas” ou “seres digitais”, membros das comunidades virtuais que habitam o ciberespaço, constroem as suas identidades num contexto comunicacional que cria uma teia de novas sociabilidades.
A tecnologia de redes electrónicas, da Internet, modifica profundamente o conceito de tempo e espaço. Um indivíduo pode morar num lugar isolado e estar sempre ligado aos grandes centros de pesquisa, às grandes bibliotecas, aos colegas de profissão e a inúmeros serviços. Hoje em dia é possível fazer boa parte do trabalho sem sair de casa. Facilmente se pode levar o computador portátil para a praia e, enquanto se descansa, consegue-se efectuar pesquisas, comunicar-se ou até trabalhar com outras pessoas à distância de um clique. São possibilidades reais, inimagináveis há pouquíssimos anos atrás, e que estabelecem novos elos, situações, serviços, que, dependerão da aceitação de cada um, para efectivamente funcionar.
Para uma pessoa se actualizar profissionalmente facilmente consegue aceder a cursos à distância (e-learning) e receber materiais escritos e audiovisuais pelo “www”. Começa agora a estar em voga a utilização da vídeo-conferência através da rede de Internet, possibilitando que várias pessoas, em locais diferentes, se vejam, comuniquem e trabalhem juntas, sendo capazes de trocar informações, aprender e ensinar. Muitas actividades que até aqui demoravam muito tempo e implicavam custos em deslocações, filas e outros constrangimentos, podem ser resolvidas através da Internet, independentemente do local onde se esteja.
Por exemplo, até há poucos anos atrás, para se efectuar transferências de dinheiro, consultas de saldos, pagamentos, e outras actividades de cariz financeiro, o indivíduo via-se obrigado a deslocar-se à dependência bancária para o fazer. Actualmente, é possível fazer essas actividades sem sair de casa. Também em relação às compras de supermercado, é possível fazê-lo sem sair do sofá... Isto significa que o que antes justificava que as pessoas se deslocassem e saíssem de casa, hoje não é mais necessário.
No futuro, o indivíduo só sairá de casa quando achar conveniente, não para fazer coisas externas por obrigação ou por imposição das circunstâncias, mas quando quiser, por vontade própria…
Posted on 11:41 by #PC# and filed under | 0 Comments »

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